Grito Literário

Sunday, May 30, 2010

O guarda-sol se põe
E chovem guarda-chuvas
As uvas colhem gente
A gente come terra
A guerra cria vidas
A bomba se evapora
Agora o tempo passa
A massa se apavora
A massa esquenta ao fogo
E o fogo acaricia
O dia que lamenta
E inventa uma razão
Pro vão inevitável
Que a estável noite impõe
Pois quando chovem guarda-chuvas
O guarda-sol se põe.

Monday, May 03, 2010

A escola pra mim foi uma prisão
e a prisão foi uma escola
saí da escola que me reprimia
para a rua que me libertava

Por ser tão livre
voltei às grades da opressão
Mas o homem que me prendia
que me agredia na escuridão

Não sabia que cada golpe
Me inchava a cara e o coração
Se lá não morri, me fortaleci

Aprendi a guardar ódios
e transformá-los em sonhos
de libertar também ao que me oprimia
Fui tomado por uma vontade
de pagar cada soco e insulto
com afagos e poemas

Passei a escutar o que diz o silêncio
a acostumar-me ao escuro
e valorizar cada raio de luz
a usar a mente para viajar a todo lugar
que meus pés não podiam alcançar

A liberdade não existe
senão como utopia
para alcançar sua plenitude
tive que perdê-la

De modo que, no dia em que
a Justiça me absolveu
a vida me condenou
à liberdade perpétua